Hoje, 08 de maio, comemoramos o 68º aniversário de estreia do Teatro Experimental do Negro. Trata-se de um momento histórico para a afirmação dos valores culturais e das demandas sociais da população negra no Brasil. O TEN havia recebido do próprio Presidente Getúlio Vargas a cessão do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para realizar sua estreia. Nunca em sua história o Theatro Municipal havia aceito em seu palco sequer um ator negro em papel de protagonista, quanto menos um grupo de teatro negro que afirmava a necessidade de resgatar os valores da cultura negra. A peça era O imperador Jones, de Eugene O'Neill, dirigido por Abdias Nascimento e com Aguinaldo Camargo no papel principal. Antes da peça, houve uma recitativa coral em que a futura atriz Ruth de Souza participou.
No dia marcado para essa estreia, 8 de maio de 1945, houve a vitória das Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial, e as madames da soçaite carioca tinham absoluta certeza de seu direito de ocupar o Municipal com a comemoração da vitória por elas produzida. Imagine se, em 1945, um grupo de atores negros recém fundado e totalmente desconhecido do público, teria precedência sobre a celebração do fim da Segunda Guerra pela elite cultural da capital do Brasil! Tentaram tirar o Teatro Experimental do Negro do palco do Municipal, mas Abdias resistiu a toda essa pressão, firme em seu propósito. A estreia do TEN desmentiu todas as dúvidas e descrenças dessa mesma elite carioca, e do meio cultural em geral, sobre a capacidade de um grupo de negros de realizar, praticamente sem recursos, uma produção teatral exemplar de qualidade. Os recortes jornalísticos da época demonstram que a recepção da estreia foi realmente entusiasmada e positiva, com uma dimensão de franca surpresa por parte dessa elite e desse meio cultural.
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